Desde 2008, as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS, do inglês) são o padrão de contabilidade oficial do Brasil.
Porém, apesar de sua obrigatoriedade e de haver uma versão resumida da
IFRS para pequenas e médias empresas, ainda são poucas as que fornecem
balanços nesse padrão.
O panorama tende a mudar com a maior exigência do mercado e a utilização desses balanços para fins tributários no futuro.
O panorama tende a mudar com a maior exigência do mercado e a utilização desses balanços para fins tributários no futuro.
Quem se adapta às novas normas pode se beneficiar com relatórios mais
apurados sobre a real situação da empresa e fornecer informações mais
consistentes para investidores e bancos.
Para Adriano Gilioli, conselheiro do CRC-SP, a baixa adesão se deve em
parte à cultura do empresário brasileiro, que ainda tende a ver a
contabilidade como algo que é feito apenas para pagamento de impostos.
Outro fator de desmotivação é o fato de que, para fins de tributação, a IFRS ainda não é utilizada plenamente.
Há no Brasil um Regime Transitório de Tributação (RTT) que diz que, para
pagamento de impostos, vale a contabilidade feita até 2007.
Porém a lei que institui o regime perde sua validade em 2013. Isso dará
novo impulso para maior adequação das empresas, diz Gilioli.
VALORES JUSTOS
Charles Holland, diretor-executivo da Anefac, resume as diferenças da
contabilidade antiga para a nova: "Agora é necessário pensar mais para
encontrar valores justos".
Dessa forma, o valor de um imóvel, por exemplo, dependerá de seu valor real no mercado, e não de uma taxa fixa e padronizada de depreciação.
Dessa forma, o valor de um imóvel, por exemplo, dependerá de seu valor real no mercado, e não de uma taxa fixa e padronizada de depreciação.
Para o gerente de negócios da FTI Consulting, Luis Fagundes, o novo
padrão de contabilidade traz aos balanços um nível maior de
transparência.
Dessa forma, acionistas, instituições financeiras e o próprio empresário
terão condições de tomar melhores decisões sobre a empresa, afirma
Fagundes.
"O atrativo principal é a questão do crédito. Os bancos estão preparados para ler os balanços em IFRS."
CUSTOS
Para Marcello Lopes, sócio da LCC Auditores e Consultores, o processo de
adaptação à IFRS depende de algumas mudanças na gestão do negócio.
Segundo ele, para fornecer as informações exigidas, o empresário muitas
vezes deve ter controles melhores, informações mais adequadas,
especialmente no que se refere a controle de estoque, controle de
entrada e saída e das informações do departamento financeiro.
Fagundes estima que o custo para elaborar o balanço em IFRS seja atualmente o de realizar uma contabilidade paralela.
MAIS CRÉDITO
Francisco Romano, 55, era gerente-geral da Biosep, empresa do ramo de
biodiesel, quando foi orientado pelo auditor a adequar os balanços à
IFRS em 2010.
Apesar de a empresa ter capital fechado, estar de acordo com as normas
foi importante para conseguir linhas de crédito com a Petrobras e
empréstimos em bancos.
"Você passa a ver de forma global os resultados da empresa. Melhora a interpretação dos resultados", diz.
BOLSA
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regulamenta o mercado de
capitais, exige que as empresas com ações negociadas em Bolsa de Valores
tornem públicos balanços com o padrão internacional desde 2010.
Também é necessário estar adequado às normas para a abertura do capital da empresa.
A exigência estava prevista na lei federal 11.638, de 2007, que entrou
em vigor no ano seguinte e deu prazo de dois anos para adaptação das
empresas.
Já nas grandes empresas de capital fechado, com patrimônio maior do que
R$ 240 milhões ou faturamento superior a R$ 300 milhões no ano,
adotam-se as IFRS completas, porém atualmente não há um órgão
fiscalizador para elas.
(Fonte: Folha de São Paulo) |
Comentários
Postar um comentário